segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Noite



Irmã noite companheira de desvarios
Companheira de mil despojados
Cobre com teu manto oculto meu sentidos vazios
Com tua luz de trevas feita, meus membros cansados.
Que não acorde deste sono tragico de infernos causados,
em que moro desde o fundo do tempo
eu que já fui Principe e Magico de olhos ao vento.

Beija-me noite com teus lábios de mel
Leva contigo este peito onde o fél
Nasceu por por estas mãos plantado
Repletas de calos de tantos espinhos arrancados
Beija-me e acolhe-me ó noite serena
Que minha dor se torne pequena
Meu coração em pedra seja formado.

Põe tua doce mão em meu peito
Como outrora para acalmar este tormento.
que sejam teus dedos novo alento
E teu corpo de trevas, novo leito.
Cansado, mil vezes cansado amargurado
Neste canto recusado e humilhado
por mim mesmo traido
me encontro agora de morte ferido!

Que o novo ser imune aos humanos pecados,
Seja por ti reconhecido e aceite
Já que outros braços me foram trancados,
Por humanos medos semeados.

Irmã noite que tudo sabes, tudo vês destinado
desde as aguas donde nasci
Leva minha alma para junto de ti
que numa Fonte Santa seja novamente resuscitado
Estou cansado das pedras do caminho
Dos jogos em desvario em mil viganças ultrajado.
De gritar meu nome feito de sangue em desalinho
A ouvidos e olhos cerrados!

Não, Noite, sabes bem que não sou
Este que me pariram e que me dou
Sem medida e sem sentido algum
A quem recusa este ser novo que brutou
De outras dores, que o caminho mudou

Noite, que me cres despido do passado
Que me ves perdido, amarrotado
Leva-me hoje por piedade
Eu que abracei a verdade
E pronto me encontro derrotado,
para que se cumpra o destino traçado

Noite com teus olhos escuros de abismo
onde me perco e encontrando-me te sinto
por ti ungido e desejado
Cura por fim esta fadiga ultrajante
e que este teu filho vagueante
De ridiculo vestido e gozado,
Seja por merito elevado
Á justa condição de amante!
Mesmo se numa Fonte Santa sepultado!

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