segunda-feira, setembro 28, 2009

Gastrodesatino

Revoltam-se-me as entranhas como o vento que rodopia nas folhas caídas no Outono!
Aquece-me a alma e o corpo um fogo reflectido das tarde serenas de Verão,
Para logo me varrer este frio que me sopra aos poros todas as invernias do mundo.
A espaços, não mais que a espaços, acalmo num qualquer prado verde de primavera.
Em mim se alternam as estações e turva-me o olhar como se me tem turvado a vida,
Sempre que me deleito em infames banquetes.
Revoltam-se-me as entranhas e padeço calmamente, ardentemente, desatinadamente.
Raios partam esta dor de barriga!!!

Pesadelo


Percorro em sonho, a linha suave do seu peito.

Onde se espraiou meu corpo, breve de cansado e ali ficou,

Perdido ao caminho longo das suas coxas, ás alvas planícies da sua pele,

Onde me banhei na sua sacra fonte de desejos incontidos, revoltos, mareados…

Onde morri e onde ressuscitei.

Foi no tempo em que o vento norte empurrou a barca para o cais,

E eu livre das amarras de outrora,

Detive-me salgado na praia, banhado ao vento e á sede.

Foi no tempo das palavras trocadas, roubadas e oferecidas,

Eternamente mudas, plenas de silêncios entendidos naqueles fins de tarde.

Éramos crianças grandes aprendendo a linguagem das ondas em beijos de sal,

E carícias húmidas de maresia onde nos perdemos e encontramos.

Tenho-a visto, ou imaginado tanto faz, algures entre as ondas.

Passeia ao crepúsculo brincando a apanhada com as ondas, feito criança,

Acenando ás musas e ás serias, imitando seu canto.

À noite, banha-se na lua cheia e acha graça...

E ouço-lhe as gargalhadas e os choros e grito em vão o seu nome que desconheço!

terça-feira, setembro 01, 2009



Negaste-me teus braços,
Cruzaste o caminho para me evitar.
E eu mudo e ridículo pergunto
Agora onde me vou sepultar?

Rodopios


Á roda da mesa roda que roda a conversa desmedida,
Tida pela saudade no tempo sentida á roda da mesa querida.
Seguem-se conversas, desabafos afectos partilhados,
Á roda da mesa tidos com rostos sorrindo cansados
Ah, mas que alegria a família á roda da mesa reunida,
Com risos de cor e infância que grita uma toada de amor.
O petiz diz o que a sua infante justiça lhe dita e sua alegria incita.
-O cão que foge de mim, mamã quando festas lhe faço.
-Corro, salto brinco e em liberdade me desfaço somente para cair de cansaço
(muito tarde na noite, que as estrelas brilham mais no teu regaço)
Á roda da mesa roda que roda a conversa desmedida,
A roda onde roda a roda da vida.