domingo, fevereiro 17, 2008

Carta a um cão (Bach)

Amigo e companheiro de sonhos e aventuras,

Um dia alguém disse que quanto mais conhecemos as pessoas mais amamos os animais. Sim, aceito!

Tenho, no teu caso, sonhado com as nossas aventuras semi-clandestinas que procuravam fugir, divertidos ao olhar reprovador de quem se dizia possuir-te. Como se alguém, alguma vez pudesse possuir a alma de outro ser da criação. Tenho saudades dos teus olhos a pedirem um afecto, em sintonia com os meus a desejarem essa mesma dádiva.

Irmão (sim, chamo-te irmão pois somos ambos feitos da mesma matéria da criação, somos ambos seres de um mesmo Universo, cada um com a sua missão. A tua de ser cão e a minha de ser humano que te saúda e respeita), tenho visto a tua alma em cada outro primo teu da mesma raça, descobrindo o quão importante foste sempre para mim.

Lembro o primeiro grande passeio enquanto tua dona decidia um futuro que sento difícil era certo, ou vice versa, tanto faz. Lembro os nossos passeios á beira mar contigo enfrentando e fugindo das ondas, o modo como também, ignorando o tamanho dos outros cães te atiravas destemidamente. As correrias no jardim atrás de ratos imaginários com teus pequenos olhos como dois astros resplandecentes de prazer.

Contigo aprendi a humildade de nos atirarmos aos problemas da vida sem medir o seu tamanho, nunca de desistirmos de alcançar o osso que achamos merecer, mesmo que o osso pense que não o merecemos. Tu ensinaste-me que ver o mundo de baixo não nos faz menores, talvez nos obrigue a lutar mais! Contigo soube o inestimável prazer que dá correr atrás da nossa imaginação e dos ratos que teimam em nos fugir mesmo que a nós estejam destinados.

Bach, outros afectos te cobriram o pelo, outros afagos, mas quero que saibas que quanto mais só me encontro mais saudades tenho dos teus olhos e da tua presença. Não me vendo por ninharias, a mim que está também destinado um belo e suculento osso...mesmo que duro de roer, mesmo que somente já em meus sonhos.

Um Afago no pêlo

1 comentário:

Cristina Paulo disse...

Linda homenagem...e mais não digo porque sabes bem o quanto me comove, e o quanto entendo as tuas palavras...e mais que entender...sinto.
Um beijo enorme para ti maninho!