terça-feira, dezembro 04, 2007

Morte Anunciada

Pereci de sede á beira do óasis,
De fome junto á mesa do banquete,
Cego de escuridão junto á luz.
Não por inanição dos sentidos,
Mas por crueldade dos vivos.
Quis mover-me mas amarraram-me os passos
Quis gritar e fui amordaçado.
Sim, eu que de mim fui vitima, que meus pecados espiei na tormenta dos dias.
Eu que vil fui e vil me arrastava pelo mundo.
Um dia, um dia olhei-me no espelho da realidade e vi-me imperfeito.
a ti estendi a mão para de ti receber escárnio que só o teu medo produziu.
A ti me dei num misto de pureza e humanidade.
De ti recebi o riso trocista nas conversas de café:
"Ai o pobre do Alberto, morreu adormecido na levada da onda...coitado"
e entre um chá e um bolo te ris de quem lutou por ti,
quem ousou sonhar o prémio merecido.
Hoje, pela vida me detenho por cobardia, eu que no mal fui Rei e no bem plebeu me fiz.
Não, não busco falsas mãos que se me estendem,
Recuso a ordem dos dias que me apontam o esquecimento.
Se amar é viver e quem nunca amou morto está,
Que seja essa a minha única forma de respirar,
Que a memória se torne leve e esquecida
mas jamais recusando o sano momento de ter amado sem medida.
Aqui me apresento:
Humano! Amante, condenado e renascido

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