terça-feira, dezembro 04, 2007

Declaração

Neste mundo me vejo e reencontro, eu que de muitos passados construí meu presente.
Aqui me encontro no profundo vazio de comigo me reconhecer. Sim, não me conheci e a mim me beijei como se fosse o último dos homens.
Vi-me perfeito e assim me aceitei, doce ilusão!
Vejo cada pedra que construi em mim, cada fuga, cada caminho sem reconhecer meus passos mas sabendo que são indiscutivelmente meus.
Ah que renasço em mil silêncios repetidos,vontade de os romper mas falta-me o eco que me devolva a sensação de gente.
Quando infante era, nada se interponha em meu caminho. Hoje crescido e a crescer tudo parece fazer sentido de vida nova, marcada pelo castigo de vida desperdiçada.
Quantos anos me restam? Não sei! Quantos amores perdidos e recusados? Pouco interessa. Simplesmente esta ideia de que de mim vou matando saudades e descobrindo.
Poesia? Sim, sempre, eternamente a forma de me exorcizar e tornar menos menor.
Amores perdidos outros recusados, sim com a confiança em mim deposta por mim próprio.
Recuso o amor pelo corpo, aceito e busco o querer da alma que, essa sim, une corpos por arrasto.
A ti, meu amor eternamente recordado, que outros braços terão um dia (se não já), declaro ser fiel. Jamais me entregar com a força de um presente, espelho de um passado. Não sou o que outrora fui, sou essas simples raízes que se foram em árvore podando ganhando nova forma, novo alento.
Sozinho estou neste Dezembro de boas e estúpidas intenções de paz e concórdia.
Ah, nós humanos precisamos de imagens como outrora os santos.
Sim aqui me encontro em permanente recusa de vida cheia de vazios, de momentos estéreis de afectos.
Sozinho sim, mas digno.
Sozinho sim, mas fiel!

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