sexta-feira, novembro 16, 2007

Carta de (des)amor

(Des)Amor,

Ridículo sou, eu sei.
Mil vezes ridículo me descubro em cada pensamento, em cada desejo.
Ridículo sim, sim, por este palpável amor que alimento e de fome me definha.
Ridículo por esperar ainda o que sei jamais chegar, porque vazias são as tuas intenções, o teu lutar, o sangue que em teu empedernido peito corre, o medo que te sustem nas horas frágeis em que em mim pensas.
Escuto as vozes avisadas (ou que assim se supõem) que me gritam. RIDÍCULO!!!
Eu sei que sou mas, deixem-me aqui, vil e só.
A Primavera há-de chegar e aqui me vai encontrar sepultado entre a terra que tem a cor dos teus olhos. Tu que já a outros braços buscas e neles julgas descansar, sem saberes que a mim estavas escrita nas eternas linhas do destino. Como para ti eu nasci, pobre, humano e nu.
Aqui me vai encontrar, sob o branco manto da neve e do gelo que tua alma gerou, e de mim faz seu prisioneiro. Debaixo do pavor deste humano ser que já desconheces pois o pânico é mais forte que a razão.
Deixa-me, pois e ainda a réstia de um sonho lindo: imaginar teu corpo em noites de paixão. Sentir teu cheiro no suor quente da minha pele.
Não, não me venhas com a razão, que já nada mais possuo que esta triste e ridícula ilusão de um amor perdido, de um querer não querido.
Merda, já perdi que se cale a voz rouca da consciência!!!
Não me tragas teorias válidas de uma solidão em parte merecida, com a razão que somente a raiva encerra.
Deixa-me pois ainda a réstia de uma esperança vil e vã...e ridícula!
Sim, sou ridiculamente lúcido mas de paixão ébrio.

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