quinta-feira, junho 28, 2007

Carta Aberta III


Tenho em mim este ardor de morte! Um calor que me queima lentamente por dentro! Não sou mais eu que vivo mas uma sombra débil do que outrora fui. Caí na teia humana do ciume, amo quem me odeia, choro por quem de mim zomba.

Sinto-me o último dos homens, trocado fui por outro mais alto, mais alem, mais belo. Sinto-me a cair, cada vez mais fundo.

Nem estas linhas saem mais com o brilho de outrora. Ninguém as lê, ninguém comenta. Vivemos neste corre corre de serres desprovidos de alma.

Ah onde posso encontrar alguém que saiba sofrer por amor, capaz de um afecto, de uma simples caricia. Ah cheiros da minha juventude que somente entranhados estão na minha carne para me torturarem.

Que demónios me tomaram? Que seres vis brincam com este ainda coração que despedaçadamente bate pelo vazio?

Olho para Ela, para a miragem de outrora, o verde do oásis no duro deserto. Vejo-a ainda de estendidos braços que tive a ilusão de serem para mim, até passar por mim abraçando outro.

Quem me dera um porto de abrigo, um descanso, uns simples braços que me acolhessem, que acolhessem o que tenho para dar.

Não, não mais a isso terei direito. Meu lugar foi ocupado, tomado, conquistado por uma força que não possuo. Resta-me somente a esperança de que me sequem as lágrimas, que me levante e siga rumo novamente ao desconhecido.

Não vou, contudo, sozinho, levo-a em meu sangue diluída, em minha alma amarfanhada. Sempre acompanhada pelos fantasmas de a ver nos braços de outro. Ah doce amargo veneno que bebo. Ah maldição que não me mata mas me faz doer cada molécula do meu corpo!

Como diria o poeta: Antes a morte que tal sorte! E não doí tanto morrer!

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