segunda-feira, julho 16, 2007

Desolhares

Olhas e não vês
Passas e não reparas nessa flor que a teu lado definha
Segues surda, muda, cega e queda ao olhar que por ti reclama

Ah, Princesa pura e bela dos meus sonhos de criança!
Corres em busca de agarrar um tempo sem passado,
E seguras fortemente um presente sem futuro.

Ah, mulher, amiga e amante!
Ah, mil vezes Ah, neste grito mudo que solto por ti!
Ah, mil vezes!

Não queres tu ver que em ti habito como um vagabundo sem rumo,
Preso no corpo interior que é teu,
Buscando o porto seguro da tua alma onde finalmente possa repousar
Eu que cansado estou de caminhos em que te encontro e te perco.

És sim e serás a Princesa inalcansavel onde me diluí.
Como viver agora se de mim já não sou?
Se outros me ocupam o espaço e me expulsam com repulsa?
Como viver liberto dentro deste palácio onde um dia me prendi?

Não respiro, sem ser por teus pulmões,
Não me bate um coração que teu não seja,
Não vêm meus olhos mais que os teus enxergam,
Não ouço mais o mar sem ser com teus ouvidos.
Não se me chegam os odores sem ser com teu nariz.
E o toque?! Ah o toque sinto-o com tua pele.

È neste não existir existindo em ti,
Que já não sei mais onde me começo e termino,
Onde acordo ou me adormeço,
Se de dia ao á luz da Lua.
Perco-me tentando me encontrar, dentro do teu peito.

Chama-me, para que siga o canto da tua voz de sereia,
Chama-me para que repouse finalmente em teu regaço.
Chama-me, por favor.
Para que na baía do teu peito,
Finalmente descanse ou,
de vez morra como uma semente, para que,
um dia em ti volte a germinar.

Ou simplesmente morra dentro de ti para que jamais te abandone
Para que nunca mais deixe de ser parte de teu ser.

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