segunda-feira, setembro 28, 2009

Pesadelo


Percorro em sonho, a linha suave do seu peito.

Onde se espraiou meu corpo, breve de cansado e ali ficou,

Perdido ao caminho longo das suas coxas, ás alvas planícies da sua pele,

Onde me banhei na sua sacra fonte de desejos incontidos, revoltos, mareados…

Onde morri e onde ressuscitei.

Foi no tempo em que o vento norte empurrou a barca para o cais,

E eu livre das amarras de outrora,

Detive-me salgado na praia, banhado ao vento e á sede.

Foi no tempo das palavras trocadas, roubadas e oferecidas,

Eternamente mudas, plenas de silêncios entendidos naqueles fins de tarde.

Éramos crianças grandes aprendendo a linguagem das ondas em beijos de sal,

E carícias húmidas de maresia onde nos perdemos e encontramos.

Tenho-a visto, ou imaginado tanto faz, algures entre as ondas.

Passeia ao crepúsculo brincando a apanhada com as ondas, feito criança,

Acenando ás musas e ás serias, imitando seu canto.

À noite, banha-se na lua cheia e acha graça...

E ouço-lhe as gargalhadas e os choros e grito em vão o seu nome que desconheço!

Sem comentários: