terça-feira, setembro 02, 2008

Estória quase infantil

Queria que entrasse pelas minhas portas abertas, aquele ser em aguas santas brotado. Poderia entrar e ver reflectida nas minhas entranhas feitas de nada, a sua imagem mil vezes reflectida, outras tantas desfocada.
Poderia entrar feito criança e tocar nos sentimentos, ve-los feitos de luz e trevas, de cor e negro. Poderia brincar e rir com a tenues plantas destes jardins interiores.
Queria sim a criança feito fêmea feito fome, que me entrasse e com seus olhos de mel me visse, puro e quedo, de braços abertos no vazio esperando. Que se aquecesse do frio da rua e da neblina, que se prostasse neste fogo que arde e me queima. Queria-te criança feito mulher em minhas profundesas inabitaveis que desconheces.
Depois, quando o sono a tomasse em seu braços de veludo, poderia dormir na calma do meu coração, embalada com as suas batidas, que são o ritmo do seu respirar.
Queria que entrasse, somente um instante e visse, quem habita este meu reino e subisse ás muralhas do castelo.
Queria ser seu guia cego e mudo, levado por sua mão de veludo e que, em cada canto, descobrisse no meu ser, em sua imagem de criança. Que meu coração tem a forma do seu corpo! A musica da sua voz, a verdade do seu desejo!

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