sábado, maio 24, 2008

Desejo e Raiva

Passam as horas neste tempo sem retorno.
Eu, espectador de emoções alheias, forçado.
Esperei o gesto que no gesto se completa e revê
Mas, o escárnio de medo disfarçado,
Jamais sublime ou esforçado,
Poderá algum dia surgir, na surpresa parido e emanado.
Outro corpo afecto tem, mesmo que na mentira gerado.
Quis ser o alento realizado
Na verdade, talvez amado,
mas o que obtive foi, da vida expulsado
E num inferno de ausência, desterrado.

Sigo os passos, em meu caminho, esforçados
Escutando ao longe o riso de outros beijos trocados,
Esperando que chegue a minha hora,
E que em paz viva num agora,
Que em outras memórias se demora.

Ah, que se calem trovadores e canções de amor
Que o silencio seja a musica desta dor
E que um gesto de coragem e desamor,
Me liberte desta desmerecida prisão,
De ter um dia desejado aquela que da razão,
Faz seu caminho, semeando gozo e ilusão.

Aqui me entro em silencio imposto
Neste limbo de saudade e desgosto.
Pasto de humano divertimento
Querendo quem em outro abraço buscou alento.
Mas que (quem sabe?) somente em meu sentiu o intento
De compreensão e humano tormento.

Príncipe não sou, somente humano.
Imperfeito em minha natureza, insano
Mas destemido ao julgamento mundano!
Perdi-me em castanho olhar
Pereci pouco a pouco com outro desdenhar
Porque é difícil e exigente esta arte de amar
E a pobre vaidade das aparencias, recusar.

Outros riem também deste vil segredo,
Que em vãs palavras escrevo.
Pouco a pouco em raiva me revelo,
Mesmo que em silencio me guarde e me encerro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Vem,vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinho, solene,com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas
Funde num campo teu todos os campos que vejo, Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde-escuro ao longe.
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e mais outra,
Na distância imprecisa e perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer...

Alberto Campos disse...

Estranho observador de paisagens.
Sigo meu trilho entre veredas
Observo as cousas e as arvores e a natureza sem ideal nenhum para que as não manche.
Meu corpo em una comunhão com a terra, com o orvalho da manhã.
Sozinho sigo tendo as aves por companhia.
As distancias que olhar alcança
percorridas são se a vontade assim demanda.
As diferenças ao longe vistas,
ao perto se fundem na imensidam desta paisagem que sou.
Passo a passo, sigo o caminho traçado.
Quem vier por bem nada mais encontrará que a simples humanidade de um gesto.
O confortante silencio de um olhar.
O primeiro passo nestes campos, reside na vontade de percorrer internos caminhos,
Vencendo internas e obscuras assombrações de fantisias mórbidas feitas.

Alberto Campos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.